domingo, 6 de outubro de 2013

Dia 06 de Outubro de 2013


Querida J.,

Ver-te na sexta-feira foi tão bom.
Ás vezes tenho a sensação que te conheço há mil anos e que podem passar mais mil porque o meu passado é o meu futuro: e tens o quisto mais sexy que alguma vez vi.
Vim lançar uma proposta nova ao Norte, os meus projecto continuam a escrever-se a si próprios sem mim. O livro está quase a sair.

Quando me disseste que ias ser operada no hospital de S. José levei um soco no estômago. Talvez não te lembres mas foi ali que o P. chegou depois de morto: o S. José é o único hospital deste país que me faz tremer e reviver o dia que mudou a minha vida para sempre. Se o P. não tivesse morrido eu não teria percebido o mundo mas, e sobretudo, eu nunca me teria percebido a mim própria.
Decidi enfrentar os meus medos e dia 23 estou lá: por ti, mas sobretudo porque estou a construir um caminho novo,  a enfrentar as coisas que ainda trago comigo.

Vim a casa do P. este fds e resolvi espreitar fotografias; é um erro sempre que o faço. Fiz uma coisa muito feia e procurei fotos. Elas acharam-me.
Há qualquer coisa nele de feliz com ela nas fotos, têm uma moldura bonita que faz o tempo parar no dia do seu casamento.
A fotografia deles disse-me que eu nunca vou ter aquilo: porque já foi vivido, porque não é meu. Nada aqui é meu nem eu queria que fosse.
A minha própria casa antiga é um sitio onde nunca mais espero voltar, esta é uma outra casa antiga num imaginário diferente.
As fotografias deles dão-me pena e eu não sei o que faço aqui. Acho que não faço nada, que estou no caminho errado, que a curva para o grande amor ficava lá atrás...mas não seria honesta se não te dissesse que quando faço amor com ele é como se tudo fizesse um enorme sentido: o cheiro dele, os olhos, a curva do queixo. Há qualquer coisa nele que é meu e que eu gostaria de puder manter até talvez não ser mais possível. Há dias em que preciso fazer amor com ele para conseguir pensar.
E assim vai o mundo.

Vejo-te esta semana?

Da tua,
I.

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